Baleias retomam espaços onde quase foram extintas no Brasil

Um pouco antes de autorizar a entrada dos turistas no barco especial de fundo transparente em formato de bolha, a bióloga marinha avisa: hoje nós vamos “baleiar”. É assim que quem navega pelo mar chama o ato de espiar as baleias. A manhã de inverno está nublada, ventos fortes são aguardados para o próximo dia e os organizadores do passeio tentam não criar muitas expectativas.

Poucos minutos depois de deixar o porto municipal de Ubatuba, litoral norte paulista, lá estão elas. São duas baleias jubarte juvenis de no máximo quatro anos, alternando borrifos e mergulhos, deixando a cauda à mostra. No barco, os passageiros respondem com suspiros de emoção.

“Elas chegaram aqui há poucos dias e esta é a nossa terceira saída para observá-las”, explica Luciana Brondízio, a bióloga marinha que acompanha o grupo, coordenadora de projetos do Instituto Argonauta.

A mudança no roteiro focado em educação ambiental marinha oferecido pelo instituto é tão recente quanto a aparição desses mamíferos naquela região. Eles passam por ali a caminho das águas amenas no sul da Bahia, onde se reproduzem, fugindo do mar congelado no inverno da Antártida.

“A gente está começando a ver animais permanecendo no litoral paulista por dois, três meses. Alguns juvenis estão ficando mais nesta região, possivelmente nem migrando para o Nordeste”, afirma Sérgio Cipolotti, biólogo e coordenador do Instituto Baleia Jubarte na Bahia.

Rumo à reocupação

Encontradas em quase todos os oceanos, as baleias jubarte migram das águas mais frias, onde se alimentam, para regiões mais quentes para acasalar e ter seus filhotes. No Hemisfério Sul, elas percorrem cerca de 9 mil quilômetros no trajeto de ida e volta da Antártida até o arquipélago de Abrolhos, na Bahia.


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