Mergulhadoras coreanas passam até 5h por dia embaixo d’água – mais do que vários mamíferos

As integrantes de um grupo de mulheres mergulhadoras que vive da ilha de Jeju, na Coréia do Sul, costumam passar mais tempo debaixo d ‘água do que qualquer outro ser humano conhecido. As Haenyeo (“mulheres do mar”, em coreano) praticam mergulho livre na tarefa de coletar frutos do mar. E se adaptaram a ponto de passarem até 5 horas por dia submersas, segundo um novo estudo feito por cientistas da Universidade de St Andrews, na Escócia.

A pesquisa, publicada nesta segunda-feira (18) na revista científica Current Biology, revela que as Haenyeo ficam mais tempo mergulhando do que muitos mamíferos aquáticos, incluindo castores, lontras-marinhas e leões-marinhos. A habilidade envolve adaptações que vão contra as respostas esperadas de mamíferos, como a diminuição da frequência cardíaca e do fluxo sanguíneo para os músculos.

Os resultados das observações mostraram que, em um período de duas a dez horas por dia, as mergulhadoras passam, em média, 56% do tempo debaixo d ‘água, sendo essa a maior proporção de tempo submerso já registrada em humanos. Sobre os mergulhos, eles variaram de 1 a 4,5 metros de profundidade, com duração média de 11 segundos. Também foi registrado apenas 9 segundos de recuperação na superfície entre os mergulhos.

Sereias de Jeju

O grupo, formado em mais de 90% por mulheres que têm mais de 60 anos, tem registros históricos que datam de 3 mil anos atrás, além de ser reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial pela UNESCO. Para entender melhor suas características, os pesquisadores acompanharam o comportamento e fisiologia de sete Haenyeo ao longo de 1.786 mergulhos.

Dispositivos usados em mamíferos marinhos foram empregados para monitorar o tempo e a profundidade de mergulho alcançados pelas mulheres, assim como a frequência cardíaca e os níveis de oxigênio no sangue.

“É o mais próximo que se pode chegar de estudar uma sereia”, relata Chris McKnight, biólogo marinho e coautor do estudo, em entrevista à revista Science News.

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