Por RIT
A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou oficialmente nesta sexta-feira (22/8) o estado de fome em Gaza, sendo esta a primeira vez que a fome atinge o Oriente Médio, após especialistas alertarem que 500 mil pessoas estão em situação “catastrófica”. Segundo a ONU, o estado de fome “poderia ter sido evitado” se não fosse a “obstrução sistemática de Israel”.
Segundo especialistas da ONU, mais de meio milhão de pessoas em Gaza enfrentam condições “catastróficas”, de insegurança alimentar, o nível mais grave da escala do IPC, caracterizado por fome e risco de morte. Esse número, baseado em dados coletados até 15 de agosto, deve chegar a quase 641 mil até o fim de setembro.
Após meses de alertas sobre riscos de fome no território devastado pela guerra, o Quadro Integrado de Classificação da Segurança Alimentar (IPC), um órgão da ONU com sede em Roma, confirmou que a fome está em curso em Gaza e deve se estender às regiões de Deir el-Balah e Khan Yunis até o fim de setembro.
“A fome em Gaza poderia ter sido evitada se tivéssemos sido autorizados a agir”, afirmou Tom Fletcher, responsável pela coordenação de assuntos humanitários das Nações Unidas, durante uma coletiva de imprensa em Genebra.
“No entanto, os alimentos estão se acumulando nas fronteiras devido à obstrução sistemática de Israel”, acusou. Fletcher ainda acrescentou: “essa fome vai, e deve, nos assombrar a todos”.
ONU denuncia um “crime de guerra”
O chefe de direitos humanos da ONU, Volker Türk, lembrou que “fazer as pessoas passarem fome por objetivos militares é um crime de guerra”, poucos minutos após o anúncio da ONU.
“Não podemos permitir que essa situação continue impune”, declarou o secretário-geral da ONU, António Guterres. “Precisamos de um cessar-fogo imediato, da libertação imediata de todos os reféns e de acesso humanitário total e sem restrições”.