Por Jornal Nacional – Tv Globo
A operação policial deflagrada nesta terça-feira (28), no Rio de Janeiro, foi antecedida por uma investigação que durou mais de um ano. As investigações que levaram à operação desta terça-feira (28) identificaram 94 bandidos do Comando Vermelho que estariam escondidos nos complexos do Alemão e da Penha. Acusados de assassinatos, tráfico de drogas, roubos de carros, entre outros crimes, que, segundo a polícia, usam o local para se esconder.
As 27 favelas dos dois complexos, na Zona Norte do Rio, ficam próximas a duas importantes vias da cidade: a Linha Vermelha, que liga o Centro à Baixada Fluminense e dá acesso ao Aeroporto Internacional do Galeão, e a Linha Amarela, que liga a Barra da Tijuca à Ilha do Governador.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, atribuiu o crescimento do Comando Vermelho à ADPF 635, que restringia operações policiais em comunidades do Rio:
O Alemão e a Penha ficam localizados em áreas montanhosas da cidade, cercados por matas, o que facilita a fuga de bandidos. A polícia afirma que as ordens para a tomada de territórios no estado passam por dois chefes da facção: Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, que cumpre pena em um presídio federal; e Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso. Ele está solto e tem 269 anotações criminais e 26 mandados de prisão abertos.
Nesta terça-feira (28), o Disque-Denúncia aumentou de R$ 1 mil para R$ 100 mil a recompensa por informações que levem à prisão dele. Esse valor só tinha sido oferecido uma vez, por informações que levassem ao traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar.
Nos últimos quatro anos, só o traficante Doca comandou a expansão do Comando Vermelho para quase 50 áreas entre bairros e favelas da capital e da Baixada Fluminense. Entre estes locais, a chamada Grande Jacarepaguá – 16 bairros na Zona Sudoeste que, em três anos, foram dominados pela quadrilha. São localidades que ficam entre duas grandes florestas: da Tijuca e do Parque da Pedra Branca – próximo às orlas da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes.
Uma guerra que deixou muitas mortes. Dados do Instituto de Segurança Pública do Rio mostram que, nos três primeiros anos da expansão nesses 16 bairros, foram registrados 833 assassinatos. Segundo a polícia, a maior parte deles decorrente da disputa entre o Comando Vermelho e grupos rivais.
Os investigadores também mostraram como a quadrilha impõe castigo a moradores, como uma mulher, que teria brigado em um baile funk e foi colocada em uma banheira de gelo, por horas, como castigo.
Essa expansão do Comando Vermelho vai muito além do Rio. O último levantamento da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senapen) mostra que a quadrilha já está em 24 estados do Brasil e no Distrito Federal. É uma espécie de intercâmbio do crime. Na operação desta terça-feira (28), 30 alvos eram bandidos de outros estados, entre eles, chefes do Comando Vermelho da Bahia, Ceará, Pernambuco, Espírito Santo, Rondônia, Amazonas e Pará.





