Massacre segue no Sudão, mostram satélites, e líderes europeus reagem: ‘Parece o apocalipse’

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Novas imagens divulgadas pelo Laboratório de Investigação Humanitária da Escola de Saúde Pública de Yale indicam que os massacres continuaram dentro e ao redor da cidade sudanesa de El-Fasher, em Darfur, tomada há quase uma semana pelo grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR), em guerra com o Exército do Sudão há quase três anos. Neste sábado, autoridades europeias descreveram a situação no país como “apocalíptica” e “horrível”.

“O Sudão vive uma situação absolutamente apocalíptica, (é hoje) a maior crise humanitária do mundo”, afirmou o ministro das Relações Exteriores alemão, Johann Wadephul, acrescentando que as FAR “prometeram publicamente proteger os civis e serão responsabilizadas por essas ações”.

Wadephul fez a afirmação em uma conferência no Bahrein ao lado de seu homólogo jordaniano, Ayman Safadi, e da ministra das Relações Exteriores britânica, Yvette Cooper, que também condenaram a violência no Sudão. Cooper afirmou que Londres fornecerá cerca de US$ 6,6 milhões (R$ 35,48 milhões) em ajuda humanitária a Cartum. O Reino Unido já fornece 120 milhões de libras ao país.

A chanceler britânica enfatizou que os relatos recebidos sobre o conflito nos últimos dias “são verdadeiramente horríveis”:

“Atrocidades, execuções em massa, fome e o uso devastador do estupro como arma de guerra, com mulheres e crianças sofrendo o impacto mais severo da maior crise humanitária do século XXI”.

Perigo iminente

Um novo relatório do Laboratório de Yale, publicado na sexta-feira, 31, indicou que as imagens de satélite mais recentes sugerem que a maioria da população pode estar “morta, sequestrada ou escondida”, uma vez que não se observam “grandes movimentos” de civis fugindo.

Entre segunda e sexta-feira desta última semana, o laboratório identificou pelo menos 31 pontos — em bairros, em um campus universitário e em instalações militares — com elementos que podem indicar corpos humanos. “Os indícios de que os massacres continuam são claramente visíveis”, afirmaram.

Imagens publicadas pelo laboratório em 27 de outubro mostram “evidências de assassinatos em massa contínuos”. Um diretor do estudo afirmou à agência francesa AFP que marcas nas imagens eram “consistentes com corpos humanos adultos” e que a descoloração observada no solo podia indicar “poças de sangue”.

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) juntou-se às preocupações e disse temer que “um grande número de pessoas” continue em perigo de morte em El-Fasher.

“O número de pessoas que chegaram a Tawila é muito baixo (…) Onde estão essas pessoas desaparecidas, que sobreviveram a meses de fome e violência em El-Fasher?”, questiona Michel Olivier Lacharité, responsável pelas operações de emergência da MSF, acrescentando:

“Pelo que os pacientes nos dizem, a resposta mais provável e assustadora é que essas pessoas morreram ou foram detidas e perseguidas quando tentavam fugir”.

As Nações Unidas afirmam que cerca de 65 mil pessoas fugiram da localidade, mas dezenas de milhares continuam presas na região. Cerca de 260 mil pessoas estavam lá antes do ataque final dos milicianos.

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