Por: Lucas de Azevedo
Na última quinta-feira, 20, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) votou para exigir que o Irã coopere integralmente, fornecendo informações precisas sobre seu estoque de urânio enriquecido a quase grau militar, além de permitir o acesso dos inspetores a suas instalações nucleares.
A resolução, proposta por França, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos, recebeu apoio de 19 dos 35 países membros do conselho da AIEA, com oposição de Rússia, China e Níger, e abstenção de 12 nações. O diretor geral da AIEA, Rafael Grossi, alertou que o estoque iraniano, que seria suficiente para até 10 armas nucleares, precisa ser verificado mensalmente, algo que o Irã tem impedido desde ataques a suas instalações em junho.
O embaixador do Irã na AIEA, Reza Najafi, comentou fora da sessão da agência que a resolução busca “exercer pressão indevida” e propagar uma “narrativa falsa e enganosa” sobre o país. Ele criticou os autores da medida como “surdos e sem visão”, acusando-os de manter uma postura arrogante ao presumirem que o Irã deveria continuar a cooperar com a agência mesmo sob bombardeios.
Najafi afirmou ainda que o Irã considera a situação “longe do normal” devido aos ataques às suas instalações nucleares e manifestou que o país está “totalmente preparado para um engajamento construtivo e significativo”, embora a decisão dos autores da resolução tenha sido outra. Ele prometeu anunciar a resposta iraniana posteriormente.
A decisão da AIEA ocorre num contexto delicado após o Irã suspender sua cooperação com a agência depois dos ataques israelenses e americanos a suas instalações nucleares em junho durante um conflito de 12 dias.
O Irã também reagiu ao restabelecimento de sanções da ONU em setembro, por meio do mecanismo “snapback”, como parte do acordo nuclear de 2015, que restringe enriquecimento de urânio e outras atividades nucleares.
A tensão entre o Irã e o organismo internacional coloca em xeque o futuro das negociações e da segurança regional. A imagem a seguir mostra o local do encontro da AIEA e um mapa destacando as instalações nucleares no Irã.
