Euroclear alerta: empréstimo de reparações à Ucrânia é ‘muito frágil’ e pode causar fuga de investidores

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O plano da União Europeia para emitir um empréstimo de reparações à Ucrânia usando ativos russos congelados enfrentou um novo revés nesta sexta-feira, 5, quando a Euroclear, principal custodiante desses ativos em Bruxelas, classificou a proposta como “muito frágil” e imprevisível, alertando para riscos de êxodo de investidores estrangeiros da zona do euro. Um porta-voz da Euroclear declarou à Euronews, em comentários por escrito na mesma:

“A proposta, como está, parece ter uma grande dose de inovação legal. Tal inovação levanta muitas questões. Temos a impressão de que a construção é atualmente muito frágil”.

A empresa, sediada na Bélgica, enfatizou que, apesar de apoiar o objetivo de ajudar a Ucrânia, a iniciativa traz “riscos legais, financeiros e reputacionais amplos para a Euroclear, Bélgica, União Europeia e seus mercados financeiros”.

Na mesma sexta-feira, o chanceler alemão Friedrich Merz se reuniu em Bruxelas com o primeiro-ministro belga Bart De Wever e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para destravar o empréstimo antes da cúpula crucial de 18 de dezembro. De Wever, que resiste à pressão de líderes favoráveis ao plano, afirmou previamente:

“Eu ainda posso determinar minha própria posição, mesmo que haja grandes vizinhos fortes que eu gosto muito e respeito politicamente, que possam me pedir para fazer algo diferente. Eu tenho apenas uma responsabilidade: os interesses dos contribuintes belgas”.

A Bélgica, chave para o esquema que visa cobrir €90 bilhões do rombo financeiro ucraniano de €135 bilhões nos próximos dois anos, teme falência caso a Rússia reclame os ativos judicialmente.

A CEO da Euroclear, Valerie Urbain, em entrevista à TV belga em data recente associada ao contexto de 5 de dezembro de 2025, ecoou preocupações sobre retaliações russas e sugeriu priorizar a paz: “Nesta etapa, esse dinheiro seria melhor gasto em negociações de paz, em vez de montar uma estrutura legal extremamente complexa e arriscada e depois perder essa alavancagem nas negociações”.

A Comissão Europeia propõe imobilização de longo prazo por maioria qualificada e empréstimos emergenciais para mitigar riscos, mas analistas veem chances próximas de zero de Moscou pagar reparações. Sem acordo, a UE pode recorrer a dívida comum de €90 bilhões, opção preferida pela Bélgica.

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