Por: Lucas de Azevedo
A ex-procuradora-geral do Exército de Israel, Yifat Tomer-Yerushalmi, foi presa nesta segunda-feira, 3, após admitir que autorizou o vazamento de um vídeo no qual soldados israelenses aparecem torturando um prisioneiro palestino no centro de detenção militar de Sde Teiman. Em sua carta de renúncia divulgada na última sexta-feira, 31 de outubro, Tomer afirma que autorizou a divulgação do vídeo para defender a credibilidade do departamento jurídico militar, que vinha sendo atacado politicamente.
Ela declarou: “Assumo total responsabilidade por qualquer material divulgado à mídia a partir da unidade” e ressaltou a importância de investigar suspeitas de violência, mesmo contra detentos considerados terroristas.
O caso, ocorrido em julho de 2024, gerou denúncia de tortura e resultou em ferimentos graves no detento, incluindo costelas quebradas e perfuração no pulmão. O vídeo vazado reacendeu o debate sobre abusos sistemáticos contra palestinos e provocou reações contrárias, incluindo protestos de grupos da extrema direita e críticas do governo.
O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, classificou a saída de Tomer como uma vitória e pediu investigações mais amplas, enquanto o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu destacou a necessidade de uma “investigação independente e imparcial” para apurar o vazamento, afirmando que o episódio causou “imensos danos à imagem do Estado de Israel”.
Em meio à prisão de Tomer, que está sendo mantida sob rígida vigilância por questões de segurança, a ONU e organizações de direitos humanos denunciaram que o caso não é isolado. Um relatório recente da ONU registra detenções secretas e torturas desde o início do conflito entre Israel e Hamas, levantando preocupações sobre abusos recorrentes.
Enquanto isso, o Exército israelense informou que investiga dezenas de ocorrências, embora negue que haja prática sistemática de maus-tratos em suas unidades


