Por: Lucas de Azevedo
Na noite da última terça-feira, 25, dezenas de manifestantes ocuparam o centro de Paris para protestar contra o aumento expressivo da violência de gênero na França e prestar homenagem às vítimas recentes. Marie-Josée, ativista de 78 anos, declarou emocionada que “somos constantemente oprimidos pela realidade”, enquanto a multidão lembrava cinco mulheres mortas na última semana por seus parceiros ou ex-parceiros.
A manifestação aconteceu logo antes da entrega ao Ministério da Justiça de um relatório importante que recomenda uma reforma radical no sistema judiciário para melhor lidar com casos de abuso doméstico, destacando a complexidade e a necessidade de uma abordagem integrada para o problema.
Marie-Josée expressou a frustração crescente com a deterioração da situação para mulheres no país, afirmando que “desde os anos 1990, houve uma regressão em termos de igualdade”, especialmente para mulheres mais velhas que enfrentam um aumento da violência e muitas vezes são ignoradas pela sociedade.
Dados recentes da missão governamental MIPROF evidenciam que mais de três mulheres por dia são vítimas de feminicídio ou tentativas na França, e que mulheres com 70 anos ou mais representaram 26% das vítimas, mostrando um aumento preocupante. Violette, integrante do sindicato Solidaires presente no protesto, criticou a indiferença diante das vítimas mais velhas, destacando que “suas vozes são frequentemente desconsideradas porque elas são vistas como menos importantes que mulheres mais jovens”.
A indignação dos protestantes reflete também a insuficiência dos recursos governamentais destinados ao combate da violência de gênero, com o orçamento anual de apenas 94 milhões de euros, muito abaixo dos 3 bilhões considerados necessários por organizações ativistas.
Os participantes da manifestação alertam para a urgência de medidas concretas e investimentos robustos para proteger as mulheres e fazer justiça às vítimas.
