Morre Peter Watkins, mestre dos docudramas e vencedor do Oscar

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O cineasta britânico Peter Watkins, pioneiro no gênero docudrama e vencedor do Oscar de melhor documentário em 1966 por “O Jogo da Guerra”, faleceu aos 90 anos na última quarta-feira, 30 de outubro.

Reconhecido por sua inovação ao misturar elementos de documentário e ficção, Watkins revolucionou a linguagem do cinema ao trazer um estilo que questionava a realidade dos fatos com uma abordagem artística provocativa. Sua obra sempre buscou desafiar os limites entre realidade e ficção, o que lhe rendeu reconhecimento internacional e, ao mesmo tempo, resistência pelo público britânico.

“O Jogo da Guerra”, lançado em 1966, retratava o impacto hipotético de uma guerra nuclear no Reino Unido, usando depoimentos encenados, dados reais e imagens da vida cotidiana. A BBC originalmente vetou a exibição do filme, alegando que seu conteúdo era demasiado chocante. Para o diretor, esse era exatamente o objetivo: provocar uma reflexão profunda na sociedade sobre a ameaça nuclear. “Queria que as pessoas sentissem o horror que a guerra traz, de forma crua e direta”, declarou Watkins em entrevista concedida anos atrás.

Outro destaque de sua filmografia é a cinebiografia “Edvard Munch” (1974), uma obra não linear que explorava a vida e os dramas do pintor expressionista norueguês. Aclamado pelo lendário Ingmar Bergman como “obra de um gênio”, o filme é considerado um marco do docudrama por sua inovação narrativa e profundidade psicológica. “Peter tinha uma sensibilidade rara para contar histórias que transbordam a realidade”, comentou um contemporâneo cineasta.

Ao longo de quatro décadas, Watkins produziu obras provocadoras e experimentais, como “Comuna de Paris, 1871” (2000), um épico de quase seis horas sobre o evento histórico francês. “Apesar das controvérsias, o legado de Watkins é imenso. Ele abriu caminhos para que o documentário e a ficção dialogassem de maneira inédita”, afirmou um crítico de cinema

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