Por: Lucas de Azevedo
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, (foto), declarou na última quarta-feira (17), durante discurso na Câmara dos Deputados em Roma, que a assinatura do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul nos próximos dias é “prematura”.
Ela enfatizou a necessidade de aguardar a finalização de um pacote de medidas adicionais para proteger o setor agrícola italiano, explicando:
“É necessário esperar que o pacote de medidas adicionais para proteger o setor agrícola seja finalizado, explicado e discutido com nossos agricultores. Isso não significa que a Itália pretende bloquear ou se opor ao acordo, mas queremos aprová-lo apenas quando incluir garantias adequadas de reciprocidade para nosso setor agrícola”.
A posição de Meloni é pivotal, pois França, Hungria, Polônia e Áustria já se opõem, e uma maioria qualificada é requerida para que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, assine o pacto previsto para sábado em Foz do Iguaçu.
Meloni expressou otimismo para o início de 2026, afirmando: “Tenho muita confiança de que, com o começo do novo ano, todas essas condições poderão ser atendidas”.
O acordo, negociado em 2024 com Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, visa liberalizar o comércio, mas enfrenta resistências devido a temores de importações que violem padrões ambientais e de bem-estar animal europeus.
O eurodeputado Carlo Fidanza, líder da delegação Irmãos da Itália no Parlamento Europeu, reforçou em entrevista na quarta-feira: “As salvaguardas atuais ainda não são suficientes, são muito burocráticas para ativar e não protegem o princípio de reciprocidade. Não podemos permitir a importação de produtos feitos sem respeitar os padrões ambientais, de bem-estar animal e regras de pesticidas impostos aos nossos produtores”.
A hesitação italiana pode frustrar os planos da Comissão Europeia, que aprovou salvaguardas no parlamento na terça-feira, mas ainda precisa de consenso entre os Estados-membros.