Por: Lucas de Azevedo
O primeiro julgamento público envolvendo suspeitos dos violentos confrontos de março nas províncias costeiras da Síria começou na última terça-feira, 18, no Palácio da Justiça em Aleppo. Quatorze réus, entre eles sete leais ao ex-presidente Bashar al-Assad e sete membros das forças de segurança do novo governo, compareceram à audiência.
Durante uma sessão televisionada, o juiz questionou os acusados sobre seus papéis militares ou civis, enquanto as acusações incluíam sedição, incitação à guerra civil, assassinato, roubo e liderança de gangues armadas. Ahmad al-Sharaa, presidente interino da Síria, comentou em entrevista sobre o julgamento:
“Este é um passo essencial para a reforma judicial após décadas de autocracia e violência. Nosso governo está comprometido em buscar justiça para as vítimas e restaurar a confiança nacional.”
A investigação oficial apontou que mais de 1.400 pessoas foram mortas, na maioria civis, mas declarou não haver evidências de que os novos líderes militares tenham ordenado ataques contra a minoria Alauíta, profundamente afetada pelo conflito. A ONU, no entanto, qualificou as ações como “amplas e sistemáticas” em violência contra civis.
O governo sírio encerrou a sessão inicial e marcou a próxima audiência para dezembro, em meio a grande expectativa sobre a duração e desdobramentos do processo, que envolve centenas de suspeitos e dramáticas consequências para a reconstrução do país e o fim da impunidade histórica.





