Por: Lucas de Azevedo
O Tribunal Penal Internacional (TPI) anunciou nesta segunda-feira (3) a abertura de novas investigações relativas a crimes de guerra e atos que podem configurar genocídio na região de Darfur, no oeste do Sudão. A ofensiva recente das Forças de Apoio Rápido (RSF) na cidade de El-Fasher levou a relatos consistentes de massacres em massa, estupros sistemáticos e ataques deliberados contra civis.
Karim Khan, procurador-chefe do TPI, afirmou que o tribunal está coletando evidências e depoimentos de sobreviventes, médicos e trabalhadores humanitários. Segundo ele, “a escala e a brutalidade dos ataques contra civis, especialmente em El-Fasher, exigem resposta imediata da comunidade internacional. O tribunal está mobilizando todos os mecanismos disponíveis para garantir que os responsáveis sejam levados à justiça”.
Relatos recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmaram a morte de mais de 460 civis num hospital em El-Fasher, alvo de ataques das forças paramilitares, além do sequestro de profissionais de saúde e destruição das instalações médicas, o que representa uma “violação grave do direito internacional humanitário”, conforme denunciado pela agência.
Historicamente, o TPI já havia indiciado o ex-ditador Omar al-Bashir por genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade em 2009, após o primeiro ciclo de violência na região, mas al-Bashir nunca foi entregue ao tribunal e permanece sob custódia das Forças Armadas sudanesas desde o golpe de 2021. Peritos alertam que a impunidade histórica abriu caminho para a repetição das atrocidades, agora sob o comando das RSF e líderes locais.
A crise humanitária no Sudão é a maior de deslocamento e fome no mundo atualmente, com mais de 10 milhões de pessoas refugiadas e cerca de 26 milhões enfrentando insegurança alimentar grave. Em Darfur, milhares vivem isolados sob domínio paramilitar, sem acesso a água potável ou m

